Instituição mapeou as quatro principais demandas do setor para que propostas sejam cocriadas pela sociedade para atendê-las. As melhores ideias receberão mentoria e apoio financeiro para serem colocadas em prática.
Quatro grandes áreas carecem de boas ideias, soluções inovadoras e recursos para alavancar o turismo responsável em áreas naturais do Brasil. Uma atividade econômica que necessita de incentivos para aproveitar a mais rica biodiversidade do mundo e apresentar ao visitante nossas exuberantes paisagens naturais sem que a natureza seja agredida. Os desafios mapeados pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza envolvem soluções para observar animais e plantas, novos modelos de negócios que tenham o turismo de natureza no planejamento, inovações que melhorem a experiência do turista e mecanismos que contribuam com o engajamento do visitante a favor da proteção do meio ambiente.
Para chegar ao diagnóstico, a instituição contou com a participação de 483 respondentes em todo o País, que apresentaram 553 desafios relacionados ao turismo em áreas naturais. Essa foi a primeira etapa da “teia de soluções”, um processo de cocriação lançado neste ano com o objetivo de envolver diversos atores da sociedade em busca de soluções que aprimorem o turismo de natureza no Brasil. Ao final de quatro etapas, as melhores propostas que aliam o turismo com a proteção da biodiversidade receberão, ao todo, até R$ 2 milhões para serem viabilizadas.
“Ficamos muito satisfeitos com o envolvimento da sociedade até este momento. Agora, queremos incentivar a cocriação de soluções para desenvolvermos no Brasil uma modalidade de turismo que traga impactos positivos e duradouros para a conservação da natureza, promovendo também benefícios socioeconômicos. O setor do turismo é um dos mais afetados pela pandemia que vivemos e a visitação de áreas naturais tende a ser uma das atividades turísticas mais demandadas. Uma área com muitas oportunidades e que precisa de incentivo e de ideias inovadoras, escalonáveis e financeiramente sustentáveis”, explica a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.
DESAFIOS
O primeiro desafio identificado pela “teia de soluções” é a necessidade de fomentar iniciativas de turismo de natureza que tenham a observação de espécies de plantas e animais e seus hábitats como principal atrativo para o visitante. A segunda demanda identificada relaciona-se com o desenvolvimento de novos modelos de negócio que tenham em seu plano de ação o turismo responsável e com impacto positivo para a natureza.
O terceiro desafio busca soluções que melhorem e enriqueçam a experiência do ecoturista. São gargalos referentes à gestão, à infraestrutura e à promoção do turismo responsável, tendo como foco a democratização do turismo em áreas naturais. A quarta grande área carente de soluções está relacionada com ações de comunicação e engajamento que promovam no turista uma cultura de cuidado e boas práticas com o meio ambiente.
As inscrições para a segunda fase do processo são gratuitas e seguem até o dia 16 de agosto, devendo ser feitas no site http://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/conservacao-biodiversidade/Paginas/Apoio-a-projetos.aspx#teia. Qualquer pessoa pode apresentar soluções para ao menos um dos quatro grandes desafios mapeados. Podem ser apresentadas novas ideias ou projetos em andamento. Basta descrever a proposta em um questionário e justificá-la com dados, como estimativa de custo, escala de impacto e possibilidade de replicar a ideia em outras regiões do Brasil. De acordo com Malu, o formato de livre participação permite o surgimento e o desenvolvimento de ideias plurais e multidisciplinares. “A cadeia do turismo engloba múltiplos fatores, da expectativa do turista e da estrutura oferecida nos destinos até os atrativos em si e os serviços oferecidos pelas operadoras. Assim, as soluções para o turismo de natureza dependem do envolvimento de vários atores dessa cadeia. Uma forma mais sustentável de interagir com a natureza só pode ser construída com a participação de todos”, diz.
As melhores soluções serão desenvolvidas com acompanhamento online de consultores voluntários e especialistas da Fundação Grupo Boticário para que se tornem economicamente viáveis e replicáveis em grande escala. Ao final desse processo, na última etapa da “teia de soluções”, serão selecionadas as ideias a serem apoiadas.
CENÁRIO
Estudo realizado pela FGV Projetos estimou que as perdas econômicas para o turismo brasileiro em 2020 e 2021 somarão R$ 161,3 bilhões, situação que impacta todo o setor, mas em especial os artesãos, guias autônomos e outros pequenos negócios que operam nessa cadeia. O lado positivo é que, para os especialistas, os destinos domésticos serão a principal opção para os brasileiros nos próximos anos. Segundo a Laboratório de Inteligência de Negócios em Viagens (TRVL LAB), o turismo regional e rodoviário será o primeiro a retomar. Entre os destinos prediletos dos viajantes nacionais estão o Nordeste, com 31,8% da preferência, as praias regionais (14%), a Serra Gaúcha (7,6%) e o Rio de Janeiro (6,7%).
De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), divulgados em maio, o ecoturismo está cada vez mais presente na lista dos destinos preferidos dos turistas. Em 2019, as 137 Unidades de Conservação (UCs) federais receberam mais de 15 milhões de visitas, um aumento de 20,4% em relação ao ano anterior.
2ª etapa da “teia de soluções” – inscrição de soluções
Prazo: de 2 de julho a 16 de agosto